Nasceu na Estagira, na Calcídica ( 384 a.d) filósofo grego criador do pensamento lógico, é considerado um dos maiores pensadores de todos os tempos, foi aluno de Platão de professor de Alexandre, o grande.
A história da filosofia não se inicia com Aristóteles, mas a historiografia da filosofia sim. Aristóteles foi o primeiro filósofo que, de forma sistemática, entrou, registrou e fez a critica das obras dos filósofos anteriores. No primeiro livro da Metafísica, ele resume os ensinamentos de seus predecessores a partir de seus ancestrais intelectuais distantes. Pitágoras e Tales, até Platão, seu professor por vinte anos. Até os dias de hoje Aristóteles continua a ser uma das mais exaustivas, e das mais confiáveis, fontes de nossa informação sobre a filosofia em sua infância.
As Quatro Causas
Aristóteles oferece uma classificação dos primeiros filósofos gregos de acordo com a estrutura de seu sistema das quatro causas. Para ele, a investigação filosófica é acima de tudo uma investigação sobre as causas das coisas, das quais há quatro diferentes tipos:
- A causa material
- A causa eficiente
- A causa formal
- A causa final
Vejamos, a partir de um exemplo grosseiro, o que ele tinha em mente: quando Alfredo prepara um risoto, as causas materiais do risoto são os ingredientes que ele utiliza para prepará-lo, a causa eficiente é ele mesmo, o cozinheiro, a causa formal é a receita e a satisfação dos clientes do restaurante é a causa final. Aristóteles acreditava que um entendimento científico do universo exigia uma investigação sobre a operação no mundo das causas de cada um desses tipos (Met. A 3, 983a24-b17).
Os primeiros filósofos, que viviam na área costeira da Grécia, na Ásia Menor, concentram-se na causa material: eles buscavam os ingredientes fundamentais do mundo em que vivemos. Tales e os que o sucederam propuseram a seguinte questão: Em que nível fundamental, seria o mundo feito de água, ar, fogo, terra ou de uma combinação de todas essas causas? (Met. A3, 983b20-984a 17). Aristóteles pensava que mesmo se tivéssemos uma resposta para esta questão isso claramente não bastaria para satisfazer nossa curiosidade científica. Os ingredientes de um prato não se misturam por si sós, é necessário haver um agente que opere sobre eles, cortando, misturando, mexendo, aquecendo etc. Alguns desses primeiros filósofos, conta Aristóteles, percebiam o problema e ofereceram conjecturas a respeito dos agentes de mudança e desenvolvimento no mundo. Algumas vezes seria um dos próprios ingredientes – o fogo talvez a sugestão mais promissora, dada sua condição de menos tórpido dos elementos. Com maior freqüência, no entanto, seria algum agente, ou um par de agente, ao mesmo tempo mais abstratos e imaginativos, como o Amor, o Desejo, a Ira ou o Bem e o Mal (Met. A 3-4, 984b8-31).
Nesse ínterim, na atual Itália – e mais uma vez de acordo com Aristóteles -, havia em torno a Pitágoras filósofos de inclinação matemática cujas investigações tomaram um rumo bem diverso. Uma receita, antes de nomear seus ingredientes, deve conter uma porção de números – tantos gramas disto, tantos litros daquilo. Os pitagóricos tinham mais interesse no números da receita do mundo do que os próprios ingredientes. Ele supunham, diz Aristóteles, que os elementos dos números eram os elementos de todas as coisas, e que o universo inteiro era uma escala musical. Ele foram inspirados na busca por sua descoberta de que a relação entre as notas de um escala tocada em uma lira correspondia a diferentes razões numéricas entre os cumprimentos de suas cordas. A partir disso, eles generalizaram a noção de que as diferenças qualitativas poderiam ser a conseqüência de diferenças numéricas. Sua investigação, nas palavras de Aristóteles, foi uma investigação sobre as causas formais do universo (Met. A-5, 985b23-986b2).
Chegando a seus predecessores imediatos, Aristóteles afirma que Sócrates preferiu concentrar-se na ética antes que no estudo do mundo natural, enquanto Platão, em sua teoria filosófica, combinou as abordagens das escolas de Tales e Pitágoras. Mas a teoria das Idéias de Platão, apesar de ser o mais abrangente sistema científico até então concebido, parecia a Aristóteles – por razões que ele resume na Metafísica e desenvolverá em alguns de seus tratados – insatisfatória em vários níveis. Havia tantas coisas a explicar, e a teoria das Idéias apenas adicionava novos itens a demandar explicações: as idéias não ofereciam uma solução, elas e tornavam parte do problema (Met. A5, 990b1ss).
A maioria das dissertações que se iniciam com um apanhado da literatura existente buscam demonstrar que todo o trabalho feito até então deixou um espaço que será agora preenchido pela pesquisa original de ser autor. A Metafísica de Aristóteles não é exceção. Seu não muito disfarçado plano é demonstrar como os filósofos anteriores negligenciaram o membro remanescente do quarteto de causas, a causa final, que deveria desempenhar o papel mais importante em sua própria filosofia da natureza (Met. A5, 988b6-15). A filosofia primeira, ele conclui, está, quanto a todos os seus temas, cheia de balbucios, uma vez que em suas origens era não mais que uma criança (Met. A5, 993a 15-17).
Um filósofo de nossos dias, ao ler os fragmentos que restaram dos primeiros pensadores gregos, impressiona-se não tanto pelas questões sobre as quais eles primeiro refletiam, mas pelos métodos de que fizeram uso para dar respostas a elas. Afinal, o Genesis nos oferece respostas para as quatro questões causais propostas por Aristóteles. Se indagarmos sobre a origem do primeiro ser humano, por exemplo, ser-no-á dito que a causa eficiente é Deus, que a causa material foi o barro, que a causa formal foi a imagem e semelhança de Deus e que a causa final foi para que o homem tivesse domínio sobre os peixes e os mares, sobre as aves do ar e sobre toda criatura viva sobre a terra. E o Genesis nem é uma obra filosófica.
Por outro lado, Pitágoras é mais célebre não por ter respondido a qualquer das questões aristotélicas, mas por provar o teorema que afirmava que o quadrado da hipotenusa de um triângulo-retângulo é igual à soma dos quadrados dos lados a ela opostos. Quanto a Tales, os gregos a ele posteriores acreditavam ter sido o primeiro a fazer uma previsão exata de um eclipse, no ano 585 a.C. Os dois feitos, seguramente, são conquistas nos campos da geometria e da astronomia, mas não da filosofia.
O fato é que a distinção entre religião, ciência e filosofia não era então tão nítida quando veio a ser em séculos posteriores. As obras de Aristóteles e de seu mestre Platão forneceram um modelo de filosofia para qualquer é época, e até hoje qualquer um que faça uso do titulo de filósofo alega ser um de seus herdeiros. Escritores de publicações de filosofia do século XX podem ser observado utilizando as mesmas técnicas de análise conceitual, e com freqüência repetindo ou refutando os mesmo argumentos teóricos, exatamente como se apresentam nos escritos de Platão e Aristóteles. Mas naqueles escritos há muito mais que não seria atualmente considerado discussão filosófica. A partir do século VI, elementos de religião, ciência e filosofia fermentaram juntos em um único caldo de cultura. Do nosso ponto de vista temporal, filósofos, cientistas e pensadores podem todos recordar esses primeiros pensadores como seus antepassados intelectuais.
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